29 dezembro 2008

Goia

Vou queimando a ponta do cigarro
como se consumisse o teu amor
que é meu vício, meu estrago
e o meu porto seguro
onde me encontro à salvo.

Trago na memória
cinzas de tantos carnavais,
cinzas de cigarros apagados,
cinzas de um amor 
que já não queima mais.
Vou me consumindo,
vou extinguindo o meu pavio,
vou nessa chama me expandindo
e virar fumaça sem deixar resquícios
do que fui e do que sou.

O que será que houve com nós dois?
Se o que nos sobrou é apenas cinzas,
será que alguma mágica ressuscita
o nosso amor que se apagou?


O que será que houve com nós dois?
Se o que nos sobrou é apenas cinzas,
melhor jogá-las à brisa
e não me arrepender depois.

17 dezembro 2008

Mais Valia


Nada nessa vida é de graça.
Tudo tem um preço, uma marca.
O poder envaidece e dá asas
mas até num rei existem falhas.
Os dias voam como um sopro
e tudo se finda em pó de novo.
Até quando o valor de um renovo
custará menos que o do ouro?
Nada nessa vida é de graça!

Vai-se o carma, mas fica-se a gana
de tirar esse mundo da lama.
Não houve Gandhi nem Dalai Lama
que transformassem mentes tiranas.
Mas se os dias passam como uma brisa
e tudo se finda em pó e argila,
até quando milhares de vidas
fenecerão em valas envilecidas?

Nada nessa vida é de graça!
Tudo tem um preço, uma marca!
Tudo se finda em pó e argila!
Mas até quando milhares de vidas
serão destruídas?!