27 dezembro 2013

Entra Muda e Sai Calada


Juro, 
eu tava escondidinha 
no escuro.
Sentada bem quietinha 
junto do muro
pra ninguém me ver,
entrar calada e sair...

Mudo quando sinto 
sobre mim olhos astutos.
A curiosidade humana 
é quase um abuso.

Só tento me proteger
não tome isso 
como um insulto.

Eu juro, por você 
até que eu mudo
mas não 
o meu jeito de ser.

15 dezembro 2013

Até Na Sombra Somos Um Par


Será que só você não vê
que até na sombra 
somos um par?!
Que é bonito de se ver
eu e você.

E basta o sol aparecer 
pro nosso amor se revelar
e todo mundo irá notar
as nossas sombras juntas.

Até no chão das ruas,
nas paredes,
no reflexo do mar
nós vamos deixar
os vestígios de que 
somos um par.

Ah, deixa de besteira,
apague essa luz 
e vem me amar.

10 dezembro 2013

Nesse Quintal


Choram as pitangas,
gritam os jacarandás
pois o serviço de mudança
está pronto pra levar.
No baú as bugigangas
que ocuparam esse lugar.

Mas as lembranças
hão de ficar
nesse quintal
o tempo não me faz mal,
sou atemporal.
Nesse quintal atemporal
o tempo não me faz mal.

A corda de pular, 
a varanda,
o giz de riscar, 
as laranjas...
Cada coisa há de ficar 
na lembrança
e o tempo não há de apagar
nem mudar.

02 dezembro 2013

A Descoberta do Violão


Eu encontrei um violão
no armário do meu pai.
E desse dia eu decidi então
a não largá-lo mais.

E eu aprendi sozinha
a fazer as minhas 
primeiras musiquinhas
que são tão facinhas,
tão melosas,
só tem três notas,
nada mais.

E eu aprendi sozinha
a fazer as musiquinhas
tão facinhas
e melosas,
com três notas,
nada mais.


25 novembro 2013

Liberto de Mim


A sinfonia da cidade 
me aturdia.
Buzinas, motores, 
nada de alegria.

E eu no meio 
desse vendaval me abalo, 
mas, no fundo 
acho normal.

Sangue frio,
uma cabeça racional.
Puro instinto,
eu sinto como um animal.

Abandono o carro,
as roupas eu tiro,
do meu caminho 
eu me desvio.

A moral eu denigro
e os bons costumes 
renuncio
e num instinto 
eu viro bicho
e vou por aí 
liberto de mim.

Eu me desvio,
eu renuncio
e num instinto 
eu viro bicho
liberto de mim.


15 novembro 2013

Lembrar Pra Esquecer


Eu pus no celular
um recado pra lembrar pra esquecer.
Esquecer de esquecer você.
Pois minha memória
não quer lidar com isso não.
Ela teima em esquecer
que eu não quero
lembrar mais de você.
Ela teima em me torturar
recordando coisas 
que eu quero apagar.

Então, eu decidi
vou deixar pra lá
essa história de te apagar.
Então, eu decidi
e pus no celular
um recado que diz:
-"Lembrar pra esquecer!".

Lembrar pra esquecer
que um dia eu quis
esquecer você.
Que um da eu quis
deixar tudo morrer.
Que um dia eu quis
deletar nossa história.
Que um dia eu quis
lembrar pra esquecer.

05 novembro 2013

Não Estou Boa Companhia


Mas hoje eu lhe avisei
que eu não estou
boa companhia pra ninguém.
Eu hoje tô que tô.

Quero sofrer por amor,
encher a cara,
sentir prazer e dor.
Chorar, sorrir,
fingir que isso não me afetou.

Saia de perto de mim
que hoje eu não tô bem,
eu tô down,
tô infeliz,
querendo me vingar de alguém.

É tanta raiva presa
misturada com tristeza.
Eu hoje não estou
boa companhia pra ninguém.

Eu lhe avisei
que eu não estou
boa companhia pra ninguém.
Eu tô que tô!.


28 outubro 2013

Aonde


No horizonte,
no além mar.
Me conte aonde.

Na luz distante
de um bom lugar.
Me conte aonde.

Me conte aonde
a gente vai se encontrar.

Na luz distante 
de um bom lugar.
Me conte aonde.

No horizonte,
no além mar.
Me conte aonde.

Me conte aonde
a gente vai se encontrar.

Por rios ou pontes,
terra ou mar
a gente vai se encontrar.

A gente vai...

Me conte aonde
a gente vai se encontrar.

Por terras ou mares,
rios ou pontes
a gente vai se encontrar.


22 outubro 2013

A Última Dança


Cansei de ficar
torturando os meus olhos,
os meus ouvidos, 
meu juízo
ao ver você bailar
tão leve e solta
tal como uma pluma no ar.

Acabei de tomar
um litro e meio de coragem
e fui tão destemido,
decidido a revolucionar.
E o velho grito 
preso na garganta
deixei ecoar
que eu quero dançar.

Eu quero dançar essa noite
como se fosse a última dança.


18 outubro 2013

91


Se mil homens 
caírem a tua esquerda
E mais dez mil 
a tua direita
Você nem se quer 
vai abalar...
A tua calma e esperteza,
A tua coragem 
beirando a frieza
São tão notáveis 
que me fazem desconfiar.

Mas por trás 
de tantas facetas
Você esconde 
uma profunda tristeza
Que te consome 
e que te faz ruir.

Você recorre a estimulantes,
Alucinógenos, tranquilizantes
Pra tentar dormir.
Você usa psicotrópicos,
Mil tarja pretas e narcóticos
Pra tentar fugir da realidade.

E trocando as pernas
você sai por aí a sorrir
em um mundo a parte
Onde você é feliz.
E trocando as pernas
Você vai por aí sem mentir,
Sem máscaras, sem nada,
De cara lavada.

Você recorre a estimulantes,
Alucinógenos, tranquilizantes
Pra tentar dormir.
Você usa psicotrópicos,
Mil tarja pretas e narcóticos
Pra tentar fugir da realidade.


12 outubro 2013

Playboy


Perdeu playboy, passa a vez.
“Cê” acha mesmo
Que eu vou te esperar
Por mais um mês.

Decida agora!
Vê se não me enrola 
outra vez.

De primeira 
eu deixei passar.
Me fingi de boazinha 
pra não te assustar.
Mas agora 
chegou a minha vez!

E eu vou bolar!

Eu tô dizendo 
mas “cê” não tá entendo
Que comigo 
o buraco é mais embaixo.
Eu tô dizendo 
mas “cê” não tá entendo
Que é mais embaixo.


30 setembro 2013

Rotina


Eu era feliz e não sabia.
Uma vida mundana coisa e tal.
Minha família cobrando todo dia
O meu despertar pra vida real.

Quatro da matina
Desperta o relógio,
No lugar do sonho
Dou lugar aos negócios.
Minha alma fica,
Sou apenas corpo móvel.
Máquina ativa
Correndo contra o relógio.

Corro atrás da condução
Pra não chegar atrasado
No meu trabalho temporário
Onde sou escravo
Do capitalismo sanguinário.


Pobre do meu coração de operário!

24 setembro 2013

Das Tripas Coração


A impunidade amolou a faca 
que impôs sobre mim.

Punhal de prata 
rasgou tudo em mim.

Faca amolada 
apressou meu fim.

Punhal de prata; 
Faca amolada.
  
Perdi minha alma.
Não tenho mais nada 
de bom em mim.

Das tripas coração!.


20 setembro 2013

Casa de Ferreiro


Te vendo o meu conselho
Você compra se quiser.
Na hora do desespero,
Neguinho só quer dar no pé.

E com certeza 
eu serei o primeiro
A debandar da guerra 
na hora do bombardeio.
Atirei um monte 
de pala pra cima.
É nessas horas 
que a gravidade é precisa.
Quando a minha lábia 
despencar do céu
E saciar os seus anseios.

Nem a pau desejo!

Casa de ferreiro, 
espeto de pau.
Pau te cutuca 
que cutuca o outro 
que cutuca o tal.

Te vendo o meu conselho
Você compra se quiser.
Sacio os seus anseios.

Mas eu...
Nem a pau desejo!

10 setembro 2013

Naquele Lugar


Eu queria 
estar outra vez algum dia...
Eu queria 
voltar outra vez algum dia
Naquele lugar que eu ia 
para te encontrar.
Eu queria!

Andando na mata 
pra lá e pra cá,
contando piadas 
e coisas bobas,
deixando a alegria 
pairando no ar,
fazendo da vida 
pura mágica.

Para te encontrar eu ia
naquele lugar todo dia.

Andando na mata,
contando piadas, 
deixando a alegria, 
fazendo da vida pura mágica
naquele lugar que eu ia.

02 setembro 2013

Faço e Desfaço


Rasgo, amasso, 
descalço destrato
o seu coração de aço,
Piso em você.

Faço e desfaço,
Amarro e desato
As pontas desse laço
Que me prendem a você.

Desapegar, desamarrar,
Eu quero me desprender.
Aniquilar, despedaçar
O que em mim há de você.

Desentranhar, me despregar
Eu quero me desfazer.
Quero arrancar e fulminar
O que em mim há de você.

26 agosto 2013

Entre Espumas e Sargaços


Gotas de orvalho,
solzinho morno da manhã,
chão frio, pés descalços,
terra molhada aguça o meu olfato bom.

Vento espalhando areia,
me misturando a sal e grãos
e sobre as ondas salto,
mergulho de cabeça, alma e coração.

Entre espumas e sargaços
busco me renovar então.
Todas as feridas saro,
principalmente, aquela do meu coração.

Então, me dê a mão!
Eu vou lhe tirar do chão.
Não deixe que a razão
finque os seus pés na areia,
descruze os braços então.

Me dê a mão!
Vamos mergulhar então.
Sinta o seu coração no ritmo do meu.
Nas ondas lá se vão dois corações.

Entre espumas e sargaços
pelas ondas se vão dois corações.

12 agosto 2013

Ballon


Você me tomou de assalto 
uma bexiga.
Soprou esperança
e de amor o balão se enchia.
Depois amarrou, deu um nó,
fez dele o que queria.
Largou quando dele enjoou
e no ar se perdia.

Mas aquele balão
era o meu coração
que judiaria.
Mas aquele balão
 era o meu coração
Que no ar se ia.

Vaguei ao sabor do vento
Você longe via
E quanto a distância aumentava
Mas você queria.
O seu desespero chegou
Feliz eu assistia.
E o mundo girou e girou
E hoje estou por cima.

Mas aquele balão
Saiba é o meu coração
Que de você judia.
Mas aquele balão
Saiba é o meu coração.
Por cima do seu desprezo

Eu vou num voo.

06 agosto 2013

O Ciclo



Tudo começa no meu nariz,
se espalha em mim,
vai pro pulmão,
veia, artéria, coração,
sai da minha boca cheio de mim,
ganhando o mundo
e entra em ti.

O que eu respiro você respira.
O que eu suspiro você suspira.

O que sai de mim
e entra em ti.
O que sai de mim 
é o que vai pra ti.
O ciclo é assim.
O que sai de mim
e entra em ti
ganha o mundo.
A vida é assim!

O que eu respiro você respira.
O que eu suspiro você suspira.

O que sai de ti
e entra em mim.
O que sai de ti 
é o que vem pra mim.
O ciclo é assim.
O que sai de ti
e entra em mim
ganha o mundo.


O que sai de ti
e entra em mim
vem do mundo.
O ciclo é assim.

O que sai de mim
e entra em ti
ganha o mundo.
A vida é assim...

10 junho 2013

Chá de Sumiço


Que bom é tê-lo, camarada,
aqui na estrada,
batendo um papo comigo.
Andando na mesma passada,
contando piadas,
distraindo o olhar do perigo.

Saí deixando a minha casa 
desmoronada 
e as mágoas espalhadas no piso.
Eu já estava sufocada
e das minhas lágrimas
eu fiz um belo chá de sumiço.

Eu não podia, camarada,
ver você na estrada
choramingando e fazendo bico.
Você por mim é tão amada
e a minha falha
é não fazer você saber disso.

Mas isso foi a gota d'água
que em minha alma
faltava pra me dar incentivo.
Dance comigo na estrada
na mesma passada.
O amor vai ensinando o ritmo.

Um pé atrás, desconfiado,
ancorado no passado
me prende, mas, andar é preciso.
Entrei de vez na tua daça
e como criança
te dei a pureza de um sorriso.