28 dezembro 2010

Cárcere Privado


Portas trancadas,
janelas gradeadas,
muros em volta,
a prisão é minha casa.
A vida acontece
dentro da TV de plasma
e o meu novo horizonte
se limita a minha sala.

E o meu crime é a omissão.
O conformismo
restringiu minha ação.
E o meu crime é afirmar
que não existe um meio
de mudar essa condição.

Já estou farta dessa farsa!
A minha vida é tão clichê.
O tempo todo finjo um jogo
e ganho o que não quero ter.
Abri as travas e as grades
da minha prisão privê.
Deixei de lado o marasmo
e dei lugar a um novo ser.

23 dezembro 2010

Paradoxo Total



Eu estou cansada 
de tanto procurar.
As coisas que quero
não são tão fáceis 
de se encontrar.
Não que eu queira 
o impossível realizar
mas tudo se torna difícil
se as armas que tenho 
não podem machucar.

Não quero destruir vidas,
não sou assim tão mesquinha.
Me considero um pouco realista.
Extrapolo a margem do bom senso,
revelo um lado pessimista,
talvez um tanto sado-masoquista.

Preciso desmascarar
a minha face de boazinha
e deixar amostra o meu lado
de autodepreciativa.

Como ser única 
e guardar tantas outras
dentro de uma?
Antagonismo puro 
é a vida minha.
Mas quem está livre 
desse paradoxo total
que nos faz revelar
sermos um ser diferente 
por dia?

15 dezembro 2010

Análise Morfológica do Amor


Não seja um sujeito oculto,
muito menos indeterminado.
É melhor você ser um sujeito inexistente
do que continuar calado.

Transforme sua voz passiva
em alguma ação viva.
Dê algum sinal de vida.
Quero escutar sua voz ativa
dizendo orações bonitas,
cheias de locuções adjetivas
para descrever o que você sente quando
pensa que está comigo.

O amor é um assunto grave
e quando se fala nele,
agudo,
tudo o que tem por dentro treme,
trema,
tremo no circunflexo desejo.

Amor,
todas as letras
tem tonicidade;
Amor,
um dissílabo indecifrável;
Amor,
que transforma tudo o que é
concreto e abstrato
em primitivo e derivado;
Amor não tem número, grau,
tempo, gênero, voz.

Só...
Somente pessoas.

Pessoas de primeira.
Pessoas de segunda.
Pessoas de terceira
para o amor sempre
cabe mais uma.

11 dezembro 2010

Bom Senso Coletivo

Eu tô cansada do agora
mas não procuro melhora.
Sou o que se conforma
e engulo seco a revolta.
Eu tô querendo demais
e tô fazendo de menos.
Eu espero sentada o que vier no vento
com o aval do coletivo bom senso.
Ponham mais na minha boca o silêncio.

Tô preocupada com a hora.
Eu vejo a vida ir embora
mas a preguiça não deixa
eu ganhar o mundo afora.
Eu tô pesada demais,
me esforçando de menos.
Eu espero sentada o que vier no vento
com o aval do coletivo bom senso.
Prendam mais 
meus pés contra o cimento.

Eles cegaram meus olhos
e mudaram os meus planos,
me roubaram a coragem,
vivo só pelos cantos,
apagaram a memória
do meus levantes de glória,
domesticaram meu ânimo
ao de um bicho manso.
Tô submissa demais
e indignada de menos.
Eu espero sentada o que vier no vento
com o aval do coletivo bom senso.
Sirvam mais minha cabeça à prêmio.

06 dezembro 2010

O Dono da Razão

Tem horas que esquecer
é a melhor opção 
para não se perder.
E o fio que separa 
a razão da loucura
é o mesmo entre eu e você.

E eu estou prestes a romper
a barreira do saber.
E depois disso o que eu vou ser?
O dono da razão?!
Não!
É melhor esquecer.

A diferença que nos separa
é a razão de eu não ter 
razão pra viver!


02 dezembro 2010

Vida Louca!


Eu não sei, estou confuso!
Eu quero parar mas não dá.
Essa vida bandida não quer me deixar!
Mais que tudo no mundo
eu quero encontrar o meu lugar.
Só me sinto seguro
indo contra o bem-estar.

Minha fama no mundo supera
a de qualquer superstar.
Meu pescoço e ouro
e o sonho de todos é me achar.

Sei que um dia a gaiola de ferro
será o meu lugar
mas enquanto estou livre
eu só quero voar e escapar!.

O risco insiste em me acompanhar.
E eu gosto dessa sensação
que o perigo me dá!

Vida louca!

10 novembro 2010

Avareza (A Ambiciosa)


Meus olhos estão secos
já não sei mais como é chorar.
Não consigo mais me emocionar.
Meu coração de gelo
nem tão cedo quer deixar de amar
aquilo ou aquele que lucro me trará.

Não sou um ser perfeito
mas eu tento me aproximar
deixando a ganância me moldar.
Só enxergo o dinheiro
e o que a minha mão pode alcançar,
aquilo que o meu cartão pode comprar.

Quanto mais tenho mais ainda quero.
Eu sempre faço e nunca peço.
Meu sobrenome é futilidade.
Pobreza, nem morta!
Sou ambiciosa!.

23 outubro 2010

Jogos de Azar


E foi assim que tudo começou
num jogo perigoso de troca de olhar.
Sedução instigando,
apurando desejos.
É sorte ou azar.
Tentei me esquivar
mas algo me atraía a essa armadilha.
E uma vez presa nas redes do amor
é beco sem saída.

E foi assim que tudo desandou
Num jogo perigoso de ciúme sem paz.
Traição maltratando,
alterando os sentidos,
Crescendo mais e mais.
Tentei me esquivar
Mas algo me atraía a essa armadilha.
E uma vez presa
nas teias da desconfiança
é partida perdida.


E foi assim que tudo terminou.

28 setembro 2010

Luxúria (A Herege)

Tenho anseios 
que não são nada comuns.
Delirante eu sempre fui
pra esconder,
tentar reverter
o peso da minha cruz.

A igreja diz 
que estou longe da luz,
que o pecado me seduz,
que vou arder,
vou apodrecer
no inferno por ser tão ruim.

Mas onde há o mal 
em querer ter
um momento de prazer?!
Mas onde há o mal 
em querer ser
um apreciador
do pecado que for
sem o nome de herege ter?!.

O pecado me seduz!.

24 agosto 2010

Dói Demais

Dói demais gostar de alguém
e esse alguém 
nem ao menos lhe quer bem.
Como decifrar esse coração 
que não quer enxergar
e nem sentir a paixão?

Dói demais fazer mundos e fundos
Por alguém que não ama como eu.
Dói demais fazer de tudo
por alguém que não sofre como eu.

No vai e vem da cidade grande
fico a procurar 
por você a todo instante.
Tento encontrar nos rostos 
seu semblante
mas ninguém consegue 
ser assim tão semelhante.

Não posso me enganar.
Tá no meu destino 
nasci pra te amar.

01 agosto 2010

Não Fale de Amor Perto de Mim

Não fale de amor 
perto de mim
já sofri muito 
por tanto querer ser feliz.
Apostei tudo o que eu tinha
num amor avassalador
e agora eu estou aqui sozinha
apenas com a minha dor
tentando recuperar 
tudo o que perdi.

Não fale de amor
perto de mim.
Por favor, 
preciso de um tempo só pra mim.

Nem tudo o que se quer 
é o que e se tem.
Já sofri muito 
por tanto desejar alguém.
Enfrentei o mundo 
por causa desse amor
e o que restou foi apenas dor.

Agora eu estou aqui sozinha
tentando reconquistar 
tudo o que perdi.

Não fale de amor 
perto de mim.
Por favor, 
preciso de um tempo só pra mim.

14 julho 2010

Intenções Cruéis

Intenções cruéis,
muito além e fora de papéis.
Eu posso senti-las,
eu posso ouvi-las,
na sua saliva 
eu vejo o veneno que sibila.

E eu sinto um aperto na garganta
de quem acabou de beijar
um doce inimigo 
que não tem como não admirar.
O perigo é o vizinho mais fiel
que a proteção pode nos dar.

E eu deixo o meu rastro pra você seguir
e armo uma armadilha pra você cair.
Aguardo sem o mínimo embaraço
o seu poder de seduzir.

Infiéis, negros olhos tão cruéis.
Eles me vigiam,
eles me aliciam.
Me sinto perdida 
entre as mil intenções
que neles brilham.

E eu sinto um ardor nos olhos
de quem se acabou de chorar
por um doce inimigo que não tem
como não se apaixonar.
A incerteza é a vizinha mais fiel
que o futuro pode nos deixar.

E eu lanço o meu perfume 
para lhe atrair
e eu abro os meus poros 
pra poder sentir
entrando sem o mínimo embaraço
o seu poder de seduzir.

23 junho 2010

Aquele Que Um Dia Fui


Minha fase de criança
não vai mais voltar
mas muito dela
ainda me faz sonhar
com aquela liverdade
de poder brincar
e de ser quem eu quisesse
sem me importar.


Infelizmente o tempo
não pode parar.
E quando me dei conta
nada estava no lugar.
E aquela inocência
se perdeu no ar
abrindo um espaço
que deixou entrar

Um homem crescido
e desconhecido.
Não vejo no espelho
aquele sorriso.
Um homem sofrido
e incompreendido.
Sem nenhum resquício
daquele menino voltar.

23 março 2010

Aviso a Ioiô



Um coração cheio de mágoa, Ioiô,
e acuado pela dor,
mais do que qualquer outro
está a um passo do rancor.
A maldade anda ao lado, Ioiô,
suspirando ares de risos.
E ai, dos ouvidos seduzidos
que seguem aos seus zunidos.

Um coração arrependido, Ioiô,
e assombrado pelo temor,
mais do que qualquer outro
está a um passo do horror.
A loucura anda ao lado, Ioiô,
cantarolando e dando gritos.
E ai, dos ouvidos seduzidos
que seguem aos seus ruídos.

E eu não tô pedindo nada,
Não tô querendo nada.
Eu só tô dizendo a ti,
o que vem do mal não tem valor.

E eu não tô querendo nada,
Não tô pedindo nada.
Eu só tô dizendo a ti,
que o revés não é vacilador.

...Aviso a Ioiô!.

18 março 2010

Tiros Perdidos

Vejo lágrimas de dor correndo
e gente de bem se escondendo
das tormentas e tormentos,
da destruição dos ventos.
A gente reclama a toa,
diz que a vida não é boa
mesmo sem nunca ter visto ódio
nos olhos de...

Gente que entrega o corpo 
pra ser explodido,
gente que mata sem nenhum motivo,
gente fanática por homens corrompidos
e que ameaçam a esperança 
com tiros perdidos.

Não importa o horário, o lugar
e quanto mais lotado 
maior será o estrago.
Somos alvos ambulantes
e a qualquer instante um ataque
surpreende a cidade com...

Gente que entrega o corpo 
pra ser explodido,
gente que mata sem nenhum motivo,
gente fanática por homens corrompidos
e que ameaçam a esperança 
com tiros perdidos.

Vejo lágrimas de dor correndo
e gente de bem se escondendo
das tormentas e tormentos,
da destruição dos ventos.
A gente reclama a toa,
diz que a vida não é boa
mesmo sem nunca ter visto
um ser que constrói, destruindo.

27 fevereiro 2010

Em Busca do Novo

Me espera que eu ando devagar.
Não tenho pressa,
eu quero apreciar a atmosfera
em volta do meu olhar
e a nova era
que uma outra chance trará.

Tudo ao meu redor ficou triste
desde que sem dó me feristes
com as mais duras frases
que se pode falar.
Agora o desaponto que existe
e que o meu semblante exibe
fez a trajetória do meu plano mudar.

Busco então, em outros lugares
ver os pequeninos detalhes
que em novidade, o velho, pode tornar.
Busco então, ver em novos ares
a euforia que outros olhares
incentivam ao escondido a se revelar.


19 fevereiro 2010

Cansei de Ser Mais Um

Cansei de apenas ser 
mais um sem fazer
algo de novo acontecer,
de emudecer o meu por que,
de desviar o meu querer,
de atrasar o meu vencer,
de seguir regras pra viver.

Um grito de revolta 
é sufocado por saber
que no país da bola 
a justiça não tem querer
e ser tudo o que se gosta 
tem um preço,
é dar pra receber.
Num mundo de discórdia
o dinheiro fala por você.

O prazo da memória é curto
quando se fala em poder.
E no país da esmola 
a justiça é cega
e me faz crer 
que ser tudo o que se gosta
Tem um preço, 
é dar pra receber.
Num mundo de revolta
o dinheiro vale mais do que você.

E eu cansei de ser 
mais um sem fazer
algo novo, 
de comprar o mau gosto,
de ser ocioso, 
de ter que obedecer.

Eu cansei de ser 
mais um sem fazer
um mundo novo,
sem crer no seu povo
e sem ver que há no outro 
a ponte pro saber.

04 fevereiro 2010

Mesmo Que Eu Quisesse Flores

Mesmo que eu quisesse flores,
as flores não dão no inverno
então, espero por outra estação.
Mesmo que eu quisesse flores,
as flores não dão no terreno seco
e infértil do seu coração.

Você pensa que amores
a lindas flores se renderão.
Mas de mim só espere dores;
eu sou o espinho sem compaixão.
E mesmo que eu quisesse flores
não são as flores que farão
eu expor meus sentimentos
e lhe dar o meu coração.

Sou botão de flor;
meu cheiro atrai o amor.
Sou espinho e dor
e eu sangro o traidor.

12 janeiro 2010

Devaneios

Quero algo forte o bastante
que me leve mais que alguns instantes
para espaços siderais
e que em movimentos constantes
faça todo o meu corpo flutuante
viajar entre espirais.
Me perco em um mundo distante
em meio a descoberta de nuances
nunca antes ditas reais.
Ter uma mente brilhante
é bem melhor que um gris anulante,
meras massas cerebrais.

E em pleno movimento 
eu vejo o mundo
parando a passos lentos.
180 graus, 
rotação que dou em mim mesmo.
Quero ouvir o silêncio
e entender o som 
que me traz o vento;
vozes, gritos, choro, 
sorrisos e tudo mais.

E em pleno movimento 
eu vejo o mundo
parando a passos lentos.
Eu quero ouvir o silêncio 
e entender o som
que me traz o vento;
vozes, gritos, choro, 
sorrisos e tudo mais.
Gigantes moinhos nada cordiais.

Nada cordiais, tempos.
Nada cordiais, gritos.
Nada cordiais, risos.
Nada cordiais, filhos.